sexta-feira, março 28, 2008

E por último...

E por último precisava de um nome. E eis que ainda pensando e já fazendo, nome não mais me era problema. Ora, não precisava criar um novo, poderia utilizar o meu antigo!

E antes disto, o porquê. Pois senti vontade. Vontade e culpa. E poucas coisas instigam-me mais do que este par. Ora, de tantas as proibições que me faço, por que esta? E, após uma pequena batalha interna, enquanto tirava o condicionador do meu cabelo concluo-a.

E, muito antes disto tudo, um dia desses, deparei-me com um antigo texto de blog. Meu texto. Não o li. Não queria ver quem eu era. E era o medo de ser menos, ou pior, o mesmo, de anos atrás. O tempo passa, a vida passa e eu... Talvez escrever seja mais do que suprir a vontade de contar algo que me ocorreu e seja marcar o caminho de volta para casa... Não que seja efetivo, mas as soluções menos efetivas sempre são as mais prazeirosas...

E, para explicar a culpa e a superação, não escrevo para alguém. Escrevo por vontade e descompromissadamente. É apenas uma perigosa forma de falar sem ter alguém, a priori, para ouvir.

Não era assim que esperava que fosse. Não estava melancólico.

Bem, agora não preciso preocupar-me com detalhes de outrora. É só reproduzir o estilo:

Melancólico,
Victor.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Perdão e Arrependimento.

Ainda preso em velhos assuntos familiares. Pior: preso na memória persecutória de eventos familiares. E, para suportar imagens desagradáveis de profunda ofensa, tudo racionalizo.

Talvez a chave do problema seria a solução mais simples: perdoar. Parece piegas, mas é de fato o mais certo a se fazer: desta forma livrar-me-ia da ansiedade e do ódio, além de amenizar as tensões e, efetivamente, solver qualquer possível problema.

Mas, infelizmente, isso é difícil demais para ser por mim feito agora. Sou imaturo e impulsivo demais para tomar esse tipo de atitude. Aparentemente tudo segue para o curso comum das famílias, onde as relações erodem e mágoas se acumulam tornando-se única e exclusivamente dignas de nota em uma fatalidade.

O Natal, neste ano, perdeu seu brilho, sua magia. Ganhou, porém, dimensão de reflexão, proposta creio que mais intrínseca à data do que os próprios festejos. E devo boa parte desta nova concepção a comuns palavras ditas por telefone de um amigo que ainda não tive o inevitável desprazer de me decepcionar. Aliás, poderia falar disso... Um outro dia.

Feliz Natal,
Victor.

domingo, dezembro 17, 2006

Conjectura Familiar.

Ânimos, novamente, calmos. Após o conflito, nem rotineiro nem surpreendente, regozija-se a paz e o novo trato que durará mil anos. Tudo certo, até que haja intervenção da consciência em tão desagradável ponto.

Percebo agora o porque discutir nunca levará a nada. Percebamos, primeiramente, pelos resultados alcançados com a discussão: Um trato que resolverá a distribuição de uma tarefa e do controle de um horário para a minha vida. Como, em algum lugar da face da Terra, isto seria suficiente para resolver os constantes atritos entre 5 membros de uma família?

Pensemos, então, em como chegamos nesta solução arbitrária: Como exemplo da massificada atividade rotineira de minha mãe, toma-se a limpeza da garagem. Então, remove-se ela, como signo do peso e do descaso, e atribui-se ela a mim. Simbolicamente faz sentido. Mas não factualmente. É só mais uma atividade que não vai aliviar a carga total de atividades da minha mãe e que há de ainda culpar-me por tudo o que não faço fora isto, pois o q faço não é contabilizado assim. E nem devo culpa-la por isto: obviamente só percebe quando não faço pois isto a incomoda.

Tomemos agora o controle do meu horário: simbolicamente isto traz (e, não devo negar, em alguma escala, factualmente) controle, seja meu, mas, como estipulado exteriormente, deles sobre minha vida (intermediado assim pela minha vontade que, não posso deixar de dizer, assim por eles lapidada). Dane-se, isso não é o porquê a minha vida não engrena. É, na verdade, um artifício que uso para agredir o funcionamento de minha vida, um desculpa, não uma causa.

E como, pergunto novamente, chegamos neste ponto?

A verdade, sob meu ponto de vista, é que na verdade estamos discutindo com propósitos diferentes: Minha mãe, ao vir e brigar comigo sobre assuntos diversos, reclamar que sempre tenho uma desculpa e não se interessar numa solução quando eu e meu pai negociamos uma inspira-me a intuição que não se interessa em resolver, mas sim e aliviar sua tensão em mim. Discutir até se obter uma solução torna-se, portanto, cansativo e inútil, pois o objetivo era apenas desabafar em meu ouvido. As soluções que pouco tem ligação com a realidade obtidas por meu pai só me inspira a intuição que ele não busca solver os problemas, mas sim fazer o seu ponto de vista e, assim, prevalecer sobre a conversa e não sobre a realidade, promovendo uma paz na briga mas não condições objetivas para o fim dos conflitos. E não devo deixar a entender para um possível leitor meu que faz isto de mal: apenas não percebe que o seu objetivo é, latentemente, prevalecer na discussão (corroboro isto com a não tomada de partido frente a descentrações na culpa do discurso de minha mãe e, em resposta, um frenético enfoque na solução do meu problema com ela). E creio que, a decorrente graduação que faço inspira-me a vontade de compreender o que jaz latente e de solucionar efetivamente os problemas. Mas como não estou no mesmo registro que ambos, o que a muito intuo mas a pouco percebo, não vou conseguir. E assim, deparo-me com uma masoquista que nos culpa do peso que escolhe diariamente carregar sozinha e um idiota que coage e discute para brincar de ter poder.

Sei que fui agressivo mas, passada a euforia de iludir-me com a solução proposta por meu pai, não o perdôo sem um sincero pedido de desculpas que nunca virá pela estupidez, por nunca ter me ouvido, por ter sempre prevalecido pela força e por ter culpa de muitos erros desencadeadores dos conflitos presentes.

Não é sufocante para o corpo em todas as suas necessidades viver aqui, no amplo espectro que contempla os alcances materiais. Mas é, para a alma, um martírio estar submetido a uma anti-lógica de satisfação e poder que minam a possibilidade de resolução por medo da dissolução do eu em problemas remotos, desculpando-se pelas condições criadas pelos próprios erros e revestidas com um verniz de omissões.

Não consigo dormir e sinto muito ódio. Espero que, caso lido, faça-me entendido, não convencendo necessariamente que estou certo, mas sim que tenho razão em pelo menos algumas afirmações, a pesar da truculência as vezes por mim empregada.

Revoltado,

Victor.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Leituras proveitosas (as que eu fiz)

A multitude of rulers is not a good thing, Let there be one ruler, one king.” – Herodotus


Sim, eu uso os joguinhos.

Não vivemos por um rei. Não vivemos por uma classe dominante. Vivemos aos pés e somos escravos de uma civilização. E, enquanto o homem degrada-se e infantiliza-se, não há quem escape, e, portanto, quem ganhe com isto, senão a própria abstração da civilização que, ao aniquilar o homem, faz-se união de nós.

Não, porém não nos une. Afasta-nos para que não nos juntemos contra ela e faz-se de nossas distâncias. Hoje parece-me por demais inconcebível como algo que não existe, salvo a nossa própria capacidade de abstração, pode nos dominar e não como ferramenta de alguém, mas através de alguns, fazendo-se mais do que os que a concebem e, portanto (ufa!) não me prenderei neste ponto, pois, blá, já disse.

Somos infelizes. E somos infantilizados. E isso é que não sabemos a diferença entre o que é ter felicidade e o que é ter prazer. Dizia-se em minha infância que os ricos não eram felizes e, por mais que isso fosse permeado de inveja deles, fazia-se sentido nas bocas e nas vidas das pessoas simples que proferiam estas palavras.

Fazem-se anos que não ouço tal afirmação e, a velha “dinheiro não compra felicidade”, tem muito sido utilizada como gozação. Não faz mais sentido para estas afirmações nesse mundo, porque, efetivamente, o dinheiro pode comprar tudo!

O cacete que pode! Pode muito mais do que poderia comprar em outros tempos, podemos considerar, mas nem isso (depois me explico). Não fazem mais sentido porque dinheiro compra prazer e não mais se sabe a diferença entre prazer e felicidade.


E ter é gozar e gozar é necessário para se ser feliz. Maldito Freud, por dizer verdades tão facilmente mal interpretáveis.


Não há muito mais o que dizer, senão explicar, como dito, que dinheiro não compra mais do que prazeres e status. Assim sendo desde a existência do dinheiro, ele não compra mais hoje do que a mil anos atrás.


Antes que termine, li e concordei, embora seja difícil de aceitar: A felicidade é oriunda da negação do desejo. Sei que soa mal. Sei que soa errado. E sei que não vou te convencer de que estou certo e sei que parece doentio (no sentido que leva a doença). Mas me parece e não consigo concluir de forma mais convincente ou esclarecedora.

(piadinha: Esclarecedora, sacou??? Hahahah, sacou??)

quinta-feira, novembro 23, 2006

“Lack of meditation leads to ignorance” – The Buddha

Estou mais velho. Os sonhos de infância, bem como fantasias de grandeza foram de mim arrancados por uma onda de consciência súbita e traiçoeira. Não vou dizer que não pedi por isso, mas realmente não desejava desta forma. E assim sinto-me privado de minha própria infância, embora subjugado a esta condição.

Talvez não seja justo me surpreender: Apenas aproximei-me o suficiente do fim destas páginas estudantis e contemplei o que é ou não possível no futuro. E devo dizer que é particularmente deprimente.

Tomei o rumo este rumo embebido de uma frágil convicção cultural e, sem dar ouvido aos questionamentos que poderiam surgir na época (e que surgiram a consciência agora), tomei a decisão de fazer o que eu gosto.

E não vou dizer que haveriam muitos caminhos melhores, apenas esperava que este não fosse tão ruim. E é. É pois existem ressalvas que comprometem o bom funcionamento deste raciocínio popular:

1- Quando você faz o que você ama você é feliz; quando você faz aquilo pelo qual você está apaixonado você descobre os defeitos de sua profissão.

2- Quando você é bom, e isso todos podemos ser, você será bem sucedido... Porém você deve ter força de vontade, algo que me falta.

E não seria melhor em lugar algum. E temo que ainda diria-me que seria melhor se eu estivesse onde estou e, portanto, o curso tomado em minha vida poupou-me de conclusões errôneas que poderiam ser muito amargamente serem descobertas.

E agora, caro leitor? Não sei... Talvez seja apenas a falta de sono, religião ou de anti-depressivos. Tentarei a primeira: A cama está arrumada, atrás de mim.

Mesmo assim,

Boa sorte.