sexta-feira, novembro 24, 2006

Leituras proveitosas (as que eu fiz)

A multitude of rulers is not a good thing, Let there be one ruler, one king.” – Herodotus


Sim, eu uso os joguinhos.

Não vivemos por um rei. Não vivemos por uma classe dominante. Vivemos aos pés e somos escravos de uma civilização. E, enquanto o homem degrada-se e infantiliza-se, não há quem escape, e, portanto, quem ganhe com isto, senão a própria abstração da civilização que, ao aniquilar o homem, faz-se união de nós.

Não, porém não nos une. Afasta-nos para que não nos juntemos contra ela e faz-se de nossas distâncias. Hoje parece-me por demais inconcebível como algo que não existe, salvo a nossa própria capacidade de abstração, pode nos dominar e não como ferramenta de alguém, mas através de alguns, fazendo-se mais do que os que a concebem e, portanto (ufa!) não me prenderei neste ponto, pois, blá, já disse.

Somos infelizes. E somos infantilizados. E isso é que não sabemos a diferença entre o que é ter felicidade e o que é ter prazer. Dizia-se em minha infância que os ricos não eram felizes e, por mais que isso fosse permeado de inveja deles, fazia-se sentido nas bocas e nas vidas das pessoas simples que proferiam estas palavras.

Fazem-se anos que não ouço tal afirmação e, a velha “dinheiro não compra felicidade”, tem muito sido utilizada como gozação. Não faz mais sentido para estas afirmações nesse mundo, porque, efetivamente, o dinheiro pode comprar tudo!

O cacete que pode! Pode muito mais do que poderia comprar em outros tempos, podemos considerar, mas nem isso (depois me explico). Não fazem mais sentido porque dinheiro compra prazer e não mais se sabe a diferença entre prazer e felicidade.


E ter é gozar e gozar é necessário para se ser feliz. Maldito Freud, por dizer verdades tão facilmente mal interpretáveis.


Não há muito mais o que dizer, senão explicar, como dito, que dinheiro não compra mais do que prazeres e status. Assim sendo desde a existência do dinheiro, ele não compra mais hoje do que a mil anos atrás.


Antes que termine, li e concordei, embora seja difícil de aceitar: A felicidade é oriunda da negação do desejo. Sei que soa mal. Sei que soa errado. E sei que não vou te convencer de que estou certo e sei que parece doentio (no sentido que leva a doença). Mas me parece e não consigo concluir de forma mais convincente ou esclarecedora.

(piadinha: Esclarecedora, sacou??? Hahahah, sacou??)

quinta-feira, novembro 23, 2006

“Lack of meditation leads to ignorance” – The Buddha

Estou mais velho. Os sonhos de infância, bem como fantasias de grandeza foram de mim arrancados por uma onda de consciência súbita e traiçoeira. Não vou dizer que não pedi por isso, mas realmente não desejava desta forma. E assim sinto-me privado de minha própria infância, embora subjugado a esta condição.

Talvez não seja justo me surpreender: Apenas aproximei-me o suficiente do fim destas páginas estudantis e contemplei o que é ou não possível no futuro. E devo dizer que é particularmente deprimente.

Tomei o rumo este rumo embebido de uma frágil convicção cultural e, sem dar ouvido aos questionamentos que poderiam surgir na época (e que surgiram a consciência agora), tomei a decisão de fazer o que eu gosto.

E não vou dizer que haveriam muitos caminhos melhores, apenas esperava que este não fosse tão ruim. E é. É pois existem ressalvas que comprometem o bom funcionamento deste raciocínio popular:

1- Quando você faz o que você ama você é feliz; quando você faz aquilo pelo qual você está apaixonado você descobre os defeitos de sua profissão.

2- Quando você é bom, e isso todos podemos ser, você será bem sucedido... Porém você deve ter força de vontade, algo que me falta.

E não seria melhor em lugar algum. E temo que ainda diria-me que seria melhor se eu estivesse onde estou e, portanto, o curso tomado em minha vida poupou-me de conclusões errôneas que poderiam ser muito amargamente serem descobertas.

E agora, caro leitor? Não sei... Talvez seja apenas a falta de sono, religião ou de anti-depressivos. Tentarei a primeira: A cama está arrumada, atrás de mim.

Mesmo assim,

Boa sorte.